quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Teorias no Domínio da Educação a Distância



Desmond Keegan no livro “Foundations of Distance Education” (1986), faz a primeira sistematização das teorias no domínio da Educação a Distância (EaD).

Breve descrição das 3 Teorias com alusão aos autores que mais se destacaram nesta temática.

Na Teoria da Industrialização destaca-se o autor Otto Peters, tendo publicado em 1967 uma monografia designada “Educação a Distância nas Universidade e nas Instituições de Ensino Superior: estrutura didáctica e análise comparativa”. Peters vê afinidades na educação a distância (EaD) e nos processos de produção industrial. Segundo esta teoria, há uma “divisão de tarefas” por vários actores e o ensino é organizado em etapas sucessivas. Cada “trabalhador” é responsável por uma função como parte administrativa, tutoria de alunos, elaboração de documentos, registo de resultados. Os materiais são produzidos em massa e abrangem um grande número de alunos. Este modelo exige investimento no planeamento onde é definida a função e articulação de todos os intervenientes envolvidos no processo da elaboração dos materiais. Peters identifica características dos processos industriais na EaD, no entanto, diz não defender os princípios da industrialização neste processo.

Na Teoria da Autonomia e da Independência evidenciam-se os autores: Rudolf Manfred Delling; Charles Wedemeyer; Michael Moore; Farhad Saba.
Rudolf Manfred Delling minimiza o papel do professor e dos estabelecimentos educacionais em prol da autonomia e independência do aluno. Para Rudolf este tipo de ensino deve ser definido como “estudo a distância” em vez de “ensino a distância” ou “educação a distância”. Charles Wedemeyer também defende o aluno autónomo e independente. Este deve ser independente das organizações de ensino e dos professores. Defende ainda que a aprendizagem deve ser contínua e natural sendo na sua óptica indispensável para a sobrevivência humana. Michael Moore classificou os programas da EaD em duas dimensões. Uma diz respeito ao grau de autonomia do aluno e a outra à distância na interacção entre o professor e o aluno. Sugere que a designação “Teoria do estudo independente” passe a denominar-se “Teoria da distância transacional”. Farhad Saba introduziu um novo conceito na EaD, o conceito de “contiguidade virtual”. Para a análise e modelação de conceitos no domínio da EaD defende o uso da “dinâmica de sistemas”.

Na Teoria da Interacção e da Comunicação aparecem como promotores: Borge Holmberg; David Sewart; Kevin Smith; John Daniel e D.R. Garrison.
Borge Holmberg propõe um novo conceito “guided didactic conersation”. Defende um modelo de comunicação que fomente um sentimento de “pertença” e seja promotor de motivação. David Sewart introduz o conceito “continuity of concern”. Considera que o “grupo turma” tem um grande potencial no que diz respeito à interacção entre alunos e defende um “padrão” pelo qual o aluno se possa guiar. John Daniel defende que a EaD deve ser constituída por um misto de actividades “interactivas” e “independentes”. Atribui às actividades interactivas uma função socializadora e de feedback ressaltando este como fundamental na EaD. Destaca, ainda, a importância do ritmo de estudo pré-determinado. D.R. Garrison introduz o conceito “learner control” numa perspectiva de interdependência entre professores/alunos. Defende um desenvolvimento tecnológico onde seja possível interacções frequentes e valoriza a comunicação pessoal e em pequeno grupo. Desmond Keegan defende uma comunicação bidireccional para superar a separação entre “acto de ensino” e “acto de aprendizagem” na EaD e alerta para o facto de a formação poder ser realizada face-to-face at a distance.

_______________________________
Referências:
Gomes, M. J. Teorias no Domínio da Educação a Distância. Braga: Universidade do Minho.

Sem comentários:

Enviar um comentário